quarta-feira, 25 de maio de 2011

AULA DE CORPO PRESENTE



Mesmo os mais céticos sabem que após a morte alguma força desconhecida deixa o corpo e o torna mais leve. A morte leva muita coisa de nós. O que resta para quem vai é um rosto pálido e um cheiro estranho (sim, quem morre fica com odor estranho).

Mas há como o espírito deixar o corpo sem que pra isso tenha de se morrer completamente. Um campo de estudo no assunto que encontra-se em grande expansão é a sala de aula.

Pesquisas feitas por órgãos não governamentais mostram que além os anos de vida e a alegria de viver, a sala de aula também é capaz de arrancar o espírito do corpo e mandá-lo para algum lugar que não tenha aquele odor escolar ou universitário (sim, escola e universidade quando estão vivas, têm odor estranho). Dizem que o processo de passagem, o caminho para a luz ocorre involuntariamente: o indivíduo sadio senta-se em uma cadeira de qualidade duvidosa para ouvir os verdadeiros “favos de mel” em forma de sabedoria e em um ímpeto de descuido percebe que deixou aquele recinto, que já não se encontra mais entre os vivos.

As aulas, então, passam a ocorrer em flashs de retornos rápidos ao “mundo dos vivos”. Ouve-se alguns trechos daquilo que é transmitido pelo obelisco de sabedoria, encarnado pelo professor, e nesses flashs cria-se uma aula individual. Sendo que apenas o corpo material estava presente naquele ambiente. Em geral, os que conseguem se manter encarnados durante todo o percurso de uma aula, além de terem seus espíritos pouco evoluídos, são incapazes de perceber que uma outra pessoa está, naquele mesmo momento, a caminho da luz, e com pensamentos mais diversos possíveis.

Normalmente, segundo o estudo, os mortos-vivos-da-sala-de-aula começam o processo de passagem com pensamentos simples, que geram uma risada singela, mas sempre com algo relacionado ao exterior da sala de aula.

Este estudo mostra que mesmo que tenham transformado a sala de aula em um ambiente onde o livre pensamento é “mal vindo” e destruidor de boas idéias e de criatividade, enfim, numa prisão religiosa, uma minoria de pessoas, por mutação genética ou por má alimentação, consegue recriar o processo de morte durante uma aula, com direito a filme dos melhores momentos do passado e tudo mais. Assim criou-se o termo Aula de Corpo Presente.

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Uma observação a ser feita é não confundir os discípulos da Aula de Corpo Presente com os indivíduos que dormem. Estes fazem parte de um outro estudo.

O indivíduo em Aula de Corpo Presente pode ser percebido pelo semblante, ou semblantes de emoções aleatórias não correspondente ao que se passa no ambiente, pelos olhos que miram o chão ou o teto, pelos risos sem justificativa aparente. São, costumeiramente, identificados como dependentes químicos ou delinqüentes.

Postscriptum: escrever em blog é a arte de dizer aquilo que ninguém, sensatamente, dá importância. (texto postado pela primeira vez em 29Jul2007)

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